quarta-feira, 29 de julho de 2009

A escrita como forma de (reconhecimento/relacionamento)

Outro dia, li que a escrita, geralmente, faz-se mais importante para o escritor do que para o leitor. Em um mundo em que a publicidade é o sublime anseio das pessoas, a observação anterior torna-se mais verdade que o ditado "em terra de cego, quem enxerga é rei". Digo isso, por experiência própria. Quem não gosta de dar uma olhada no analytics e visualizar o crescimento do número de leitores que atire a primeira pedra. Há muito, a internet deixou de ser unilateral para se tornar essa "coisa" - via de mãos duplas. Espanta-me conversar com o prefeito da cidade logo pela manhã, entrar em contato com pessoas renomadas e trocar idéias com gente diferente, distante que, talvez, sem o advento da internet não seriam conhecidas.
Ainda que a possibilidade de escrever para o mundo seja possível a todos. Diz-se que a democratização da informação torna-a inconsistente, rasa e, muitas vezes, equivocada. Além disso, devido aos vícios lingüísticos-virtuais, nota-se dia-a-dia o empobrecimento da linguagem escrita.
Talvez, a necessidade de relacionamento/reconhecimento seja o fator relevante que torna a escrita tão importante nos dias de hoje, permitindo, até, que os erros e incorreções tornem-se superficiais ante a necessidade de relacionar/reconhecer. Segue abaixo um trecho do texto do Prof. Gian sobre o twitter. (se você ainda não leu, leia).

"No fundo, o twitter satisfaz nossa ânsia por publicidade: queremos ser públicos, queremos ser acompanhados, queremos ter platéia (no horizonte, há um mesmo desejo: o que queremos mesmo é ser amados). Sei que não sou artista de cinema, astro da música ou jogador de futebol, então eu entro no twitter. E, ao entrar, descubro que as coisas mais bobas da minha vida podem ser interessantes, simplesmente porque agora são públicas.

Participamos do twitter pelo mesmo motivo que assistimos Big Brother (“assistimos” quem, cara pálida ?), ou vemos novela. Sabemos que é meio bobo, mas o twitter possibilita o jogo da mimese, da comparação, seja através da identificação ou da negação. Será que passamos o tempo todo nos colocando nas mesmas situações vividas pelos membros do twitter, assim como comparamos nossa vida com a dos personagens da novela ou do Big Brother ? (ué, “personagens” do Big Brother ? Mas eles não são pessoas reais ?)"

Relacionamento/Reconhecimento, no fundo, eis a nossa motivação.

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