quinta-feira, 23 de abril de 2009

Como os piguins me ajudaram a entender Deus


Escritores nunca ganham dinheiro. Ganhamos apenas uns trocados. É terrível. Mas também não trabalhamos; ficamos sentados em roupas de baixo até o meio-dia, depois descemos e fazemos café, fritamos ovos, lemos o jornal, lemos parte de um livro, cheiramos o livro, consideramos a possibilidade de trabalhar em nosso próprio livro, cheiramos o livro novamente, arremessamos o livro para o outro lado da sala (porque estamos com muita inveja que outra pessoa tenha escrito um livro); nos sentimos muito culpados por termos arremessado aquele livro idiota para o outro lado da sala (porque secretamente nos perguntamos se Deus no céu percebeu nossa inveja maldosa, ou pior, nossa preguiça). Deitamos então no sofá de barriga para baixo e murmuramos a Deus que nos perdoe porque estamos secretamente com medo de que ele seque todas as nossas palavras por termos invejado as palavras idiotas de outro homem. E por isso, como já disse, recebemos uns trocados. Nós valemos muito mais.

Donald Miller, em "Como os pinguins me ajudaram a entender Deus"

Quem sabe algum dia escrevo um livro. Não custa nada sonhar.

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