terça-feira, 8 de setembro de 2009

UP

Deus pôs no coração do homem o anseio pela eternidade. Ec 3:11
Assisti ao sensacional "UP" da Pixar. Acredite se quiser, mas o filme é capaz de fazer as pessoas chorarem em seus dez primeiros minutos. Não chorei, mas confesso que engoli à seco as lágrimas que não rolaram. O enredo é muito simples, mas com um poder reflexivo bem legal.
Nesses dias, estive pensando. (novidade!) É estranho como seguimos uma lineariedade em nossas vidas: nascemos, crescemos, passamos por aquele conturbado período de adolescência, juventude rebelde, namoro, casamento, filhos, trabalho, aposentadoria, velhice e eternidade, quem sabe. Às vezes, o sentido da vida não me faz sentido, descubro que a maior parte do que eu fizer neste mundo será passageiro. São poucos os que serão lembrados pela extraordinariedade. A maioria de nós será mediocre e, também, é muito provável que não deixaremos um legado para as próximas gerações, simplesmente passaremos incógnitos. Então, qual é afinal o sentido de viver?
Algo que me chamou a atenção em UP foi a relação entre a vida e o sonho. Responda-me. O que você prefere?
a) Viver intensamente cada momento da sua vida como se fosse o último. (clichê do carpe diem)
b) Resguardar suas economias, forças e tudo o mais para o por vir, o sonho.
[SPOILERS]
Em UP, deparamo-nos com Carl e Ellie; ele tímido, ela traquinas-tagarela. Conhecem-se na infância devido à paixão por aventuras e, quando adultos, casam-se. Vivem uma vida longa e feliz, sonham em construir uma casa à beira do Paraíso das Cachoeiras. Em meio aos contra-tempos da vida deixam o sonho de lado e permitem-se viver os momentos singulares que a vida os oferece. Por fim, separam-se para sempre. Carl que era feliz, não é mais o mesmo após a morte da esposa. No entanto, a vontade de tornar o sonho de Ellie realidade, isto é, morar à beira do Paraíso das Cachoeiras, e a possibilidade de ser mandado para um asilo, fazem com que Carl tome a louca decisão de levar sua casa à America do Sul por meio de balões/bexigas. E é em meio às aventuras junto ao escoteiro mirim Russel que Carl descobre o sonho que viveu ao lado de Ellie, uma vida inteira conjunta, um sonho. Cai a ficha, Carl percebe que não é preciso morar à beira do Paraíso das Cachoeiras para ser feliz, a felicidade estava presente, sempre, mais perto do que ele imaginava.
[SPOILERS]
Penso que a vida é curta demais para vivermos amanhã. Tá certo, devemos nos precaver ante às possibilidades observadas, mas como prever desastres, acidentes e fatalidades? Às vezes, vivemos o sonho futuro, aquilo que nos espera lá... longe. Pensamos que seríamos completamente felizes se tivessemos isso ou aquilo ou, talvez, se conhecessemos algo ou alguém. Ainda que tudo isso venha a trazer alguma felicidade, às vezes, deixamos de viver a alegria que se encontra no caminho rumo aos sonhos, nas coisas simples, porém significativas da vida.
Em "O livro mais mal-humorado da Bíblia", Ed René Kivitz escreve: "Conscientes de que para ele são todas as coisas, entregamos tudo a Deus. E o que ele faz com aquilo tudo? Deus devolve para nós. O prazer de Deus - e consequentemente o nosso - é nos ver desfrutando daquilo que ele mesmo concedeu. (...) Aí eu posso ouvir Vivaldi, apreciar Gauguin, ler Shakespeare, dar aula de matemática; posso até escrever um livro, acreditando que vai fazer sentido e eco na eternidade."
O presente é a dádiva que Deus nos concedeu para experimentarmos um pouco do que será o amanhã. Com certeza, o paraíso será muito melhor. Mas creio, também, que as perceptivas delícias da vida dão-nos uma pequena pista do que será lá... no futuro chamado: eternidade.

5 comentários:

Karina Umeki disse...

wooow! gostei do filme.. e gostei do seu textinho! :)

Unknown disse...

A capacidade humana de querer controlar tudo ao redor acaba sim por deixar q a vida passe despercebida! Isso quando não se coloca no piloto automático deixando momentos bons e agradáveis se esvairem como momentos quaisquer!
Deixou ótima impressão sobre o filme, Primo!!
Qdo sair na TV eu assisto e assino em baixo!!! uHAuhUAHuHAh...

Jacqueline Boriam disse...

ainda não assisti, mas já me inspirou,rs!
é certo que vivemos sempre na expectativa no futuro, achando que se tivessemos algo a mais do que hj seríamos completamente satisfeitos.Mas aí deixamos de lado o presente,sendo esse a dádiva que verdadeiramente nos pertence.
oww..filosofadas a parte,rs.Bom o post.

bjss Raphaa!
=)

Anônimo disse...

Sabe... foi exatamente aqui que me apaixonei por este blog... quando resolvi assisti Up, procurei no Google informações sobre o filme e guess what... o primeiro post era do seu blog... eu pensei... pera aí, conheço este blog, deixa eu ver... mas no momento em que comecei a ler, percebi que deveria parar e assistir primeiro ao filme. Chegando em casa, ainda flutuando naquele balão... abro blog e leio isto aqui... parece que vi meus pensamentos transformando-se em palavras antes mesmo que os escrevesse... mágico! É... a vida ainda nos dá estes presentes!... Parabéns!

Everton Lopes disse...

WaW! Vimos o mesmo filme? Obrigado por ver o que não vi e ainda escrever tão bem sobre isso :D