sexta-feira, 10 de abril de 2009

Os dias inúteis

O mau tempo me tirava desejos de sair, e à medida que os dias corriam eu ia ficando mais sozinho. Nas tardes, ninguém me vinha procurar e - sem livros - as horas resvalavam sobre a minha absorta inatividade.
Às vezes uma angústia malévola me atirava, feito nó, à cama. A chuva caía, densa e longamente; os ventos roncadores desciam dos serros; e a luz do crepúsculo se afligia como uma moribunda, atrás da janela que dava para o rio.

Pabro Neruda, em O rio invisível.

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